BC Favorece Sistema Financeiro com Nova LCI: Mais um Golpe Contra a Poupança Popular
Banco Central autoriza financeiras a emitirem LCIs, beneficiando mais uma vez o setor financeiro enquanto a poupança popular segue em queda. Medida levanta questionamentos sobre a verdadeira democratização do crédito imobiliário no Brasil.

Sede do Banco Central em Brasília, símbolo do poder financeiro que segue privilegiando grandes instituições
Medida do Banco Central beneficia financeiras enquanto poupança popular segue penalizada
Em mais uma decisão que privilegia o setor financeiro, o Banco Central autorizou que financeiras passem a emitir Letras de Crédito Imobiliário (LCI). A medida, aprovada no início de maio, surge em um momento crítico para os pequenos poupadores, que já sofrem com rendimentos insuficientes na caderneta de poupança.
"A poupança tem saque líquido de R$ 51,773 bilhões em 2025, reflexo direto de uma política monetária que privilegia o mercado financeiro em detrimento das classes populares", destaca Paulo Faria, professor de Administração da ESPM.
O desmonte sistemático da poupança popular
A tradicional caderneta de poupança, historicamente o investimento mais acessível para a população de baixa renda, vem sendo sistematicamente esvaziada. Com rendimentos cada vez menos atrativos, os pequenos investidores são forçados a buscar alternativas mais complexas no mercado financeiro.
Mais privilégios para o setor financeiro
A nova regulamentação permite que as financeiras, já beneficiadas por altas taxas de juros, ampliem ainda mais seus lucros através da emissão de LCIs. Esta medida se soma a outras decisões recentes do governo que favorecem o mercado financeiro:
- Redução do prazo mínimo de vencimento das LCIs de 9 para 6 meses
- Ampliação dos instrumentos de captação para instituições financeiras
- Flexibilização das regras para emissão de títulos de crédito
Riscos para o pequeno investidor
Embora apresentada como uma modernização do mercado, a medida traz riscos consideráveis para os pequenos investidores. A possibilidade de calote por parte das financeiras é real, e mesmo com a proteção do FGC limitada a R$ 250 mil, os trabalhadores podem ter seus recursos comprometidos.
A necessidade de uma política financeira popular
É fundamental questionar por que o governo não fortalece instrumentos populares de poupança e investimento, como a própria caderneta de poupança, em vez de criar novos mecanismos que beneficiam principalmente o setor financeiro.
A democratização do acesso ao crédito imobiliário deveria passar pelo fortalecimento de bancos públicos e cooperativas de crédito, não pela ampliação do poder das financeiras privadas.
Camila Teixeira
Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.