Crise dos Cuidadores: O Impacto Social da Demência Expõe Desigualdade de Gênero no Brasil
Novo estudo revela que 93,6% dos cuidadores de pessoas com demência no Brasil são mulheres, evidenciando uma grave questão de desigualdade de gênero na saúde pública. A ausência de políticas públicas adequadas sobrecarrega especialmente mulheres trabalhadoras, demandando ação urgente do Estado.
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Cuidadora acompanha idosa com demência em centro de acolhimento, ilustrando a feminização do trabalho de cuidado no Brasil
A Face Feminina do Cuidado: Uma Questão de Justiça Social
Um estudo revelador da Unifesp expõe uma realidade alarmante no cenário da saúde pública brasileira: 93,6% dos cuidadores de pessoas com demência são mulheres, com idade média de 48,8 anos. Mais grave ainda, 42,8% dessas mulheres foram forçadas a abandonar seus empregos para assumir essa responsabilidade não remunerada.
O Peso Invisível do Cuidado
Os números são contundentes e revelam uma sobrecarga desproporcional sobre as mulheres:
- 85% relatam exaustão emocional
- 78% sofrem com cansaço físico constante
- 62,5% tiveram suas vidas pessoais negativamente impactadas
- Em 94,9% dos casos, o trabalho é realizado sem qualquer remuneração
A Urgência de Políticas Públicas Inclusivas
O envelhecimento populacional brasileiro demanda ações imediatas do Estado. Entre 2000 e 2022, a população acima de 60 anos saltou de 8,7% para 15,6%, com projeções indicando que chegará a 37,8% em 2070.
Infraestrutura Insuficiente
A precariedade da estrutura de apoio é evidente: apenas 183 centros-dia existem no país, sendo que a maioria não está preparada para atender pessoas com déficit cognitivo. Esta situação perpetua desigualdades sociais e sobrecarrega especialmente as mulheres das classes trabalhadoras.
Prevenção e Ação Coletiva
Segundo a OMS, 40% dos casos de demência são preveníveis através de ações que incluem educação, controle de fatores de risco e combate às desigualdades sociais. O Ministério da Saúde aponta que 8,5% da população idosa vive com demência - aproximadamente 1,8 milhão de pessoas.
Por um Sistema de Cuidados Justo e Inclusivo
É imperativo que o Estado desenvolva uma rede integrada de suporte que inclua:
- Ampliação significativa dos centros-dia públicos
- Reconhecimento e remuneração do trabalho de cuidado
- Políticas de proteção social para cuidadores
- Investimento em prevenção e tratamento interdisciplinar
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