Exportações de café especial despencam 79% após tarifas de Trump
Medida protecionista dos EUA causa queda histórica nas exportações de café especial brasileiro, revelando impactos na soberania comercial e necessidade de ação diplomática urgente.

Produção de café especial brasileiro afetada por tarifas comerciais dos EUA
Em um cenário que evidencia os impactos do protecionismo comercial, as exportações brasileiras de café especial para os Estados Unidos registraram uma queda dramática de 79,5% em agosto, resultado direto da imposição de tarifas de 50% pelo governo Trump.
Impacto nas exportações e reconfiguração do mercado
O volume exportado caiu para apenas 21.679 sacas de 60 kg no último mês, representando também uma redução de 69,6% em comparação com julho. Esta mudança radical forçou uma reconfiguração do mercado, com os EUA caindo da primeira para a sexta posição entre os principais importadores.
A nova liderança nas importações ficou com países europeus:
- Holanda: 62.004 sacas
- Alemanha: 50.463 sacas
- Bélgica: 46.931 sacas
- Itália: 39.905 sacas
- Suécia: 29.313 sacas
Impactos socioeconômicos e soberania nacional
A situação atual reflete uma crise que vai além dos números comerciais, afetando diretamente a sustentabilidade dos produtores brasileiros e a soberania comercial do país. Carmem Lucia Chaves de Brito, presidente da BSCA, alerta que os impactos negativos atingirão toda a cadeia produtiva, incluindo os consumidores norte-americanos.
"Já observamos elevação no preço do café à população americana, gerando inflação à economia do país. Isso é uma pena, pois afetará o maior mercado consumidor global", destaca Brito.
Necessidade de diálogo e ação governamental
A situação demanda uma resposta diplomática urgente do governo brasileiro, especialmente após a ordem executiva de 5 de setembro que permite a redução de tarifas mediante acordos comerciais. Esta crise evidencia a necessidade de fortalecer a política comercial brasileira e proteger setores estratégicos da economia nacional.
Camila Teixeira
Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.