Fusão BRF-Marfrig: Concentração de poder no setor alimentício
Cade aprova fusão entre BRF e Marfrig, criando gigante do setor alimentício com faturamento de R$ 152 bilhões. Decisão levanta debates sobre concentração econômica e impactos sociais.

Sede do Cade em Brasília durante julgamento da fusão entre BRF e Marfrig
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) formou maioria nesta quarta-feira (3) para aprovar integralmente a fusão entre BRF e Marfrig, em uma decisão que levanta questões sobre a concentração econômica global e seus impactos no mercado brasileiro.
Aprovação sem restrições preocupa setor
O processo, que teve voto favorável do conselheiro Carlos Jacques após pedido de vistas, demonstra uma tendência de consolidação do setor alimentício que merece atenção. Assim como observamos em outros setores estratégicos onde grandes projetos e fusões têm sido questionados, esta operação representa uma significativa concentração de poder econômico.
Impactos sociais e econômicos da fusão
A nova empresa, MBRF Global Foods Company, terá presença em 117 países e faturamento anual de R$ 152 bilhões, consolidando um poder de mercado sem precedentes. Em um momento em que as relações comerciais internacionais estão cada vez mais tensas, é fundamental avaliar os impactos desta concentração para trabalhadores e consumidores.
Dimensões da nova companhia
- Mais de 130 mil trabalhadores
- Capacidade produtiva de 8 milhões de toneladas/ano
- 37 marcas líderes no segmento
- Presença em 117 países
Considerações sobre soberania alimentar
A formação deste gigante do setor alimentício levanta preocupações sobre a soberania alimentar nacional e o controle de preços. É necessário um acompanhamento rigoroso para garantir que esta concentração não resulte em prejuízos para o consumidor final e para os pequenos produtores.
A operação representa uma das maiores concentrações já vistas no setor alimentício brasileiro, exigindo atenção especial dos órgãos reguladores e da sociedade civil quanto aos seus impactos socioeconômicos.
Camila Teixeira
Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.