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Klabin lidera ranking de inovação, mas trabalhadores cobram maior participação nos resultados

Maior produtora de papéis do Brasil é reconhecida por inovação, mas enfrenta questionamentos sobre distribuição de benefícios. Sindicatos e movimentos sociais cobram maior participação dos trabalhadores nos resultados dos avanços tecnológicos.

ParCamila Teixeira
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Fábrica da Klabin: inovação tecnológica e debates sobre direitos trabalhistas

Gigante do papel mantém lucros recordes enquanto investimentos em inovação geram questionamentos sobre distribuição de benefícios

A Klabin, maior produtora de papéis para embalagens do Brasil, conquistou o primeiro lugar no ranking de inovação da região Sul, segundo pesquisa do Grupo AMANHÃ. Embora o reconhecimento destaque os R$ 50 milhões investidos em P&D em 2024, é fundamental analisar como esses avanços tecnológicos se traduzem em benefícios para os trabalhadores e comunidades locais.

Investimentos em inovação x retorno social

Com 126 anos de história e presença dominante no mercado, a empresa mantém um discurso focado em sustentabilidade e inovação. No entanto, especialistas do setor questionam se o volume de investimentos é proporcional ao faturamento bilionário da companhia.

"É preciso avaliar como os ganhos de produtividade gerados pela inovação são distribuídos entre acionistas e trabalhadores", destaca Maria Silva, representante do Sindicato dos Papeleiros.

Contradições do modelo de negócio

Apesar do programa interno "Plante sua Ideia", que incentiva colaboradores a proporem soluções, fontes sindicais apontam que as decisões estratégicas permanecem concentradas na alta gestão, com limitada participação dos trabalhadores nos processos decisórios.

Compromissos ambientais e trabalhistas

A empresa integra índices de sustentabilidade como o ISE e o Dow Jones, além de ser signatária de pactos contra o trabalho escravo. Contudo, movimentos sociais defendem maior transparência sobre:

  • Impactos ambientais das operações industriais
  • Condições de trabalho nas unidades produtivas
  • Distribuição dos lucros entre capital e trabalho
  • Benefícios reais para comunidades locais

A transformação digital do setor papeleiro precisa ser acompanhada de avanços nas relações trabalhistas e na justiça social, garantindo que o progresso tecnológico beneficie toda a sociedade, não apenas os acionistas.

Camila Teixeira

Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.