Motta pauta urgência de anistia sob críticas do STF e tensão política
Presidente da Câmara defende busca por 'pacificação' ao pautar urgência de projeto de anistia, enquanto STF classifica proposta como inconstitucional em meio a tensões políticas.

Hugo Motta durante sessão extraordinária na Câmara dos Deputados sobre projeto de anistia
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu nesta quarta-feira (17/9) que não tem compromisso com "mais polarização" no Brasil, após ceder à pressão e pautar a urgência do projeto de anistia. A declaração ocorre em meio a um cenário de crescente tensão política que preocupa especialistas.
Projeto controverso e resistência institucional
O projeto de lei, apresentado pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e apoiado por outros 30 parlamentares, busca anistiar participantes de manifestações políticas desde 30 de outubro de 2022. A proposta surge após recentes desdobramentos judiciais envolvendo o ex-presidente Bolsonaro.
Posicionamento do STF
O decano do STF, ministro Gilmar Mendes, classificou a tentativa de anistia como "ilegítima e inconstitucional", argumentando que fere cláusulas pétreas da Constituição. A manifestação ocorreu após críticas ao voto do ministro Luiz Fux pela absolvição de réus acusados de tentativa de golpe de Estado.
Articulações e expectativas
Caso aprovada a urgência, Motta designará um relator para construir o texto final, prometendo buscar uma solução que promova "pacificação nacional" e "respeito às instituições". A movimentação ocorre em um momento de intenso debate sobre violência política e polarização no país.
"Nós não temos compromisso com nenhuma pauta que traga ainda mais divergência, ainda mais polarização para o país", afirmou Motta durante reunião extraordinária.
Perspectivas e cronograma
Enquanto aliados acreditam que Motta não colocará o mérito da anistia para votação, a bancada do PL, fortalecida, projeta um cronograma de 15 dias para apresentação de relatório e votação, evidenciando as tensões entre diferentes forças políticas na Câmara.
Camila Teixeira
Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.