Nova medida do BC beneficia bancos enquanto trabalhadores enfrentam crise habitacional
Mudança nas regras das LCIs favorece instituições financeiras em um momento de grave crise no setor imobiliário e saques recordes na poupança. Medida governamental ignora necessidades reais da população por moradia digna e financiamento acessível.

Família em situação de vulnerabilidade habitacional enquanto prédios de luxo são construídos ao fundo
BC privilegia setor financeiro com nova regulamentação das LCIs
Em meio a uma grave crise habitacional que afeta milhões de brasileiros, o Banco Central optou por mais uma medida que beneficia primariamente o setor financeiro, autorizando financeiras a emitirem Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Crise habitacional se aprofunda
Os dados são alarmantes: a poupança registra um saque líquido de R$ 51,773 bilhões em 2025, reflexo direto da crescente desigualdade social e do empobrecimento da população trabalhadora.
"A retirada massiva de recursos da poupança é um sintoma da crise econômica que atinge principalmente as classes trabalhadoras", destaca Paulo Faria, professor da ESPM.
Contradições nas políticas públicas
Enquanto o governo discute tributar em 5% as novas emissões de LCIs, o que poderia gerar recursos para políticas habitacionais populares, o BC segue privilegiando a expansão do mercado financeiro em detrimento de soluções estruturais para a crise da moradia.
Impactos sociais da medida
- Ampliação do poder das instituições financeiras sobre o mercado imobiliário
- Ausência de garantias de que o crédito chegará às famílias mais necessitadas
- Risco de especulação imobiliária com novos instrumentos financeiros
Alternativas populares ignoradas
A medida ignora alternativas mais inclusivas como o fortalecimento de cooperativas habitacionais, programas de moradia popular e financiamentos subsidiados para baixa renda.
Para Carlos Castro, da Planejar, mesmo que as LCIs possam oferecer algumas oportunidades de investimento, é fundamental questionar: "A quem realmente serve essa expansão do mercado financeiro quando milhões de brasileiros sequer têm acesso à moradia digna?"
Riscos para pequenos investidores
É importante alertar que, apesar das promessas do mercado financeiro, as LCIs não estão livres de riscos para o pequeno investidor, incluindo:
- Possibilidade de calote por parte das financeiras
- Baixa liquidez com carência mínima de 6 meses
- Cobertura limitada do FGC até R$ 250 mil
Camila Teixeira
Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.