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Privatização da Amazonas Energia: R$ 9,8 bi às custas do consumidor

Acordo de transferência da Amazonas Energia para grupo J&F prevê aporte de R$ 9,8 bilhões, com custos repassados aos consumidores brasileiros pelos próximos 15 anos.

ParCamila Teixeira
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Image d'illustration pour: Aporte de R$ 9,8 bi sustentaria Amazonas Energia por muitos anos, dizem técnicos

Sede da Amazonas Energia em Manaus, onde decisão sobre privatização foi anunciada

A transferência da Amazonas Energia para a Âmbar Energia, do grupo J&F, recebeu aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com um plano de aporte de R$ 9,8 bilhões. A decisão, que representa mais um capítulo na controversa privatização de ativos públicos estratégicos, levanta questionamentos sobre seus impactos sociais.

Custos Socializados, Lucros Privatizados

O acordo prevê que o aporte bilionário deverá ser realizado em até 60 dias após a transferência de controle. No entanto, o aspecto mais preocupante é que esses custos serão repassados aos consumidores de todo o país durante os próximos 15 anos, podendo ultrapassar R$ 18 bilhões.

Histórico de Problemas Estruturais

A distribuidora acumulou perdas de R$ 32 bilhões nas últimas duas décadas, apresentando o maior índice de furto de energia do Brasil. Esta situação reflete a profunda desigualdade social e problemas estruturais que persistem na região amazônica.

Benefícios Controversos

O governo Lula editou uma medida provisória que beneficiou os irmãos Batista, proprietários da J&F. A Âmbar adquiriu usinas termelétricas da Eletrobras e, posteriormente, apresentou proposta para comprar a Amazonas Energia, em uma operação que gera debates sobre a transparência nas negociações públicas.

Flexibilizações e Impactos

O acordo mantém flexibilizações sobre parâmetros de perdas não técnicas, inadimplência e custos operacionais. A Aneel enfatizou a necessidade de redução do endividamento, mas a conta final será paga pelos consumidores brasileiros, levantando questões sobre a justiça social desta decisão.

Camila Teixeira

Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.