Trump ordena expulsão de moradores de rua em operação polêmica em DC
Intervenção federal em Washington resulta em 45 prisões e 29 deportações em 48 horas, levantando preocupações sobre violações de direitos humanos e criminalização da pobreza.

Veículos blindados da Guarda Nacional nas ruas de Washington durante operação federal ordenada por Trump
Intervenção federal em Washington gera preocupação sobre direitos humanos
Em menos de 48 horas após a Guarda Nacional assumir o controle da segurança em Washington, 45 pessoas foram presas e 29 imigrantes foram encaminhados para deportação, segundo informações divulgadas pela porta-voz do governo Trump, Karoline Leavitt, nesta quinta-feira (14).
A medida, similar a outras operações controversas de militarização da segurança pública, mobilizou cerca de 800 agentes e resultou na presença ostensiva de veículos blindados nas ruas da capital americana.
Criminalização da pobreza e violação de direitos
Sob o pretexto de "tornar D.C. segura outra vez", a intervenção federal revela um padrão preocupante de criminalização da população em situação de rua, reminiscente de políticas excludentes já criticadas por especialistas em direitos humanos.
Trump declarou que "os sem-teto têm de sair imediatamente", prometendo realocá-los para longe da capital, numa abordagem que ignora as causas estruturais da vulnerabilidade social. As prisões, focadas principalmente em casos de roubo e tráfico de drogas, seguem um modelo similar ao observado em outras operações policiais controversas.
Impactos sociais e críticas
A operação, prevista para durar 30 dias, tem gerado críticas de organizações de direitos humanos e movimentos sociais, que apontam para a necessidade de políticas públicas integradas ao invés de medidas puramente repressivas.
"Nossa capital foi derrubada por gangues violentas, criminosos, maníacos, selvagens e pessoas sem casa. E nós não vamos deixar isso acontecer mais", declarou Trump, em discurso que evidencia a retórica discriminatória contra populações vulneráveis.
Especialistas alertam que medidas de força, sem investimento em políticas sociais e habitacionais, tendem a apenas deslocar o problema, sem oferecer soluções efetivas para as questões estruturais que afetam a população em situação de rua.
Camila Teixeira
Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.