Extradição de Fito expõe falhas do sistema prisional e política de guerra às drogas no Equador
A extradição do líder do Los Choneros para os Estados Unidos expõe a grave crise humanitária no sistema prisional equatoriano e os impactos devastadores da política de guerra às drogas. O caso levanta questões cruciais sobre a necessidade de repensar as estratégias de combate ao narcotráfico na América Latina.

Forças de segurança durante transferência de José Adolfo Macías (Fito) em meio à crescente militarização da segurança pública no Equador
Líder do Los Choneros é extraditado aos EUA em meio à crise humanitária no sistema prisional equatoriano
José Adolfo Macías, conhecido como Fito, declarou-se inocente nesta segunda-feira (21) perante um tribunal de Nova York, após sua extradição dos Estados Unidos. O caso levanta questões cruciais sobre a eficácia das políticas repressivas de combate ao narcotráfico na América Latina.
Contexto social e político da extradição
A extradição ocorre em um momento crítico para o Equador, onde a militarização da segurança pública tem gerado preocupações entre organizações de direitos humanos. O presidente Daniel Noboa implementou medidas controversas, declarando um "conflito armado" interno que permite a presença militar nas ruas e presídios.
"A guerra pelo poder entre organizações do narcotráfico no Equador deixou mais de 460 presos mortos em massacres desde 2021. Os homicídios nas ruas aumentaram quase 800% de 2018 a 2023"
Crise humanitária no sistema prisional
O caso evidencia a grave situação do sistema penitenciário equatoriano, marcado pela superlotação e violência sistemática. A fuga de Fito em janeiro de 2024 expôs as fragilidades estruturais das instituições de segurança pública do país.
Impactos sociais da política de guerra às drogas
- Aumento exponencial da violência urbana
- Superlotação do sistema prisional
- Militarização da segurança pública
- Violações de direitos humanos
A situação demanda uma reflexão profunda sobre alternativas às políticas repressivas de combate ao narcotráfico, considerando abordagens mais humanitárias e focadas na redução de danos sociais.
Conexões internacionais e responsabilidades compartilhadas
O caso também evidencia a necessidade de uma discussão mais ampla sobre as responsabilidades dos países consumidores de drogas na perpetuação do ciclo de violência nos países produtores e de trânsito.
Camila Teixeira
Baseada em São Paulo, Camila trabalha há 12 anos com políticas ambientais e os conflitos na Amazônia. Colabora regularmente com o Globo e o Guardian.