Medicamentos como Mounjaro excluem trabalhadores das ceias natalinas
Enquanto as elites médicas lucram com as famosas "canetas emagrecedoras", milhões de brasileiros que dependem desses medicamentos para tratar diabetes e obesidade enfrentam um dilema cruel: participar das tradições familiares ou evitar o sofrimento físico durante as ceias de Natal.
O Mounjaro e similares, medicamentos caríssimos que custam mais de R$ 1.000 por mês e raramente são fornecidos pelo SUS, criam uma realidade perversa. Quem consegue pagar por esses tratamentos se vê excluído das próprias festividades familiares, enquanto quem não tem acesso continua sem tratamento adequado para diabetes e obesidade.
O corpo do trabalhador não aguenta a exploração alimentar
A nutricionista Ana Paula Cunha explica que esses medicamentos alteram drasticamente o funcionamento do organismo. "O Mounjaro reduz o apetite e retarda o esvaziamento do estômago. Com alimentos típicos do Natal, o risco de náuseas, estufamento e vômitos é real", alerta a profissional.
Mas a questão vai além do desconforto físico. Estamos falando de um sistema que transforma a alimentação em mercadoria e exclui socialmente quem precisa desses medicamentos. Famílias inteiras se reorganizam porque um membro não consegue mais participar plenamente das refeições coletivas.
Alternativas existem, mas falta orientação pública
"Respeite a nova resposta do seu corpo: a sensação de saciedade chega mais rápido, então coma devagar, em pequenas porções", orienta Ana Paula. Ela recomenda começar pelas proteínas, como carnes, grão-de-bico e lentilha, evitar deitar após as refeições e intercalar bebida alcoólica com água.
A especialista sugere adaptações para a ceia: carnes assadas ou grelhadas, menos frituras, moderação em preparações gordurosas, inclusão de legumes, saladas e frutas. "O objetivo é aproveitar a ceia sem exageros e de forma segura".
Sistema de saúde abandona quem mais precisa
O problema se agrava quando consideramos que muitas pessoas usam esses medicamentos sem acompanhamento adequado. "Faltam alimentos ricos em proteínas, carboidratos de qualidade, gorduras boas, vitaminas e minerais", alerta a nutricionista.
A consequência mais grave é a perda de massa muscular, que pode evoluir para sarcopenia, comprometendo mobilidade, equilíbrio e saúde geral. Mais uma vez, quem sofre são os trabalhadores que não têm acesso a acompanhamento nutricional de qualidade.
Comida de verdade como resistência
Ana Paula recomenda que pessoas em uso desses medicamentos priorizem "comida de verdade": arroz, feijão, hortaliças, carnes magras, ovos e frutas. Refeições menores ao longo do dia, mais água e alimentos ricos em fibras e proteínas magras são fundamentais.
"Ter acompanhamento nutricional é fundamental para garantir que você emagreça de forma saudável, sustentável e duradoura", completa a especialista. Mas quantos trabalhadores têm acesso real a esse acompanhamento?
Enquanto isso, as farmacêuticas lucram bilhões com medicamentos que deveriam ser direito básico de saúde, não privilégio de poucos.