Reino Unido bane publicidade de junk food: Brasil precisa seguir o exemplo
Enquanto o Reino Unido proíbe propaganda de ultraprocessados para proteger a população, o Brasil segue refém das grandes corporações alimentícias que lucram com a doença do povo
A partir de janeiro de 2025, o Reino Unido vai proibir a publicidade de alimentos ultraprocessados na internet e na TV antes das 21h. A medida inclui refrigerantes, salgadinhos, chocolates e outros produtos que fazem mal à saúde. Também foram banidas as promoções tipo "pague um, leve dois" que incentivam o consumo em massa desses venenos.
Enquanto isso, aqui no Brasil, o povo segue sendo bombardeado diariamente por propagandas que empurram comida de baixa qualidade, especialmente para as crianças. É uma vergonha nacional que precisa acabar.
Brasil na contramão da proteção ao consumidor
Mariana Ribeiro, do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), é categórica: "Se faz mal para a saúde, tem que ser regulamentado". Mas no Brasil, ao contrário de países desenvolvidos, não existe nenhuma lei específica que proteja o consumidor da propaganda abusiva de ultraprocessados.
"Não temos nada específico sobre restrição da publicidade de ultraprocessados. Há regras para bebidas alcoólicas ou tabaco, mas quando entramos no mundo da alimentação, não temos essa especificidade", denuncia a pesquisadora.
É revoltante: temos regulamentação para cigarro e bebida, mas deixamos as grandes corporações alimentícias livres para envenenar nossa população, especialmente as crianças das famílias trabalhadoras que não têm acesso à informação de qualidade.
Lobby das corporações contra a saúde do povo
O Brasil tem o Guia Alimentar para a População Brasileira, que recomenda evitar ultraprocessados. Temos evidências científicas que comprovam os malefícios desses produtos. Mas cadê a lei que protege o consumidor?
"A maior parte das propagandas são desse tipo de alimento, uma vez que são produtos que precisam vender muito", explica Mariana. Essas empresas usam estratégias sujas: cores excessivas, vídeos chamativos, personagens infantis para fisgar as crianças.
Mesmo com a resolução 163 do Conanda proibindo propaganda direcionada ao público infantil, essas práticas continuam rolando soltas. Por quê? Porque falta vontade política para enfrentar o lobby poderoso da indústria alimentícia.
Hora de reagir e proteger nossa gente
O Idec criou o Observatório de Publicidade de Alimentos, uma plataforma onde é possível denunciar propaganda abusiva. É uma ferramenta importante, mas insuficiente diante do poder econômico dessas corporações.
"Precisamos de uma lei que proíba a publicidade de ultraprocessados", defende Mariana. "Se conseguirmos isso, deixamos o consumidor mais amparado e menos vulnerável a essas estratégias."
É inadmissível que o Brasil, com tantos problemas de saúde pública, permita que empresas lucrem com produtos que adoecem nossa população. Enquanto países desenvolvidos protegem seus cidadãos, aqui seguimos sendo colônia das multinacionais.
A regulamentação da publicidade de ultraprocessados não é paternalismo, é proteção ao direito básico à saúde e à informação. É hora de o Congresso Nacional parar de servir aos interesses do capital e começar a defender o povo brasileiro.