Banco Central enterra esperança de corte de juros e mantém política que sufoca o povo brasileiro
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira deixa claro: os trabalhadores brasileiros continuarão pagando o preço de uma política monetária que privilegia o mercado financeiro em detrimento da economia real. Com a manutenção da Selic em 15%, o Banco Central demonstra mais uma vez sua submissão aos interesses do capital especulativo.
A repetição quase obsessiva do termo "bastante prolongado" na ata revela a intenção de manter os juros nas alturas por tempo indeterminado. É uma política cruel que condena milhões de brasileiros ao desemprego e à precarização do trabalho, enquanto enriquece banqueiros e rentistas.
Discurso da incerteza esconde projeto de classe
O documento usa a palavra "incerteza" como justificativa para uma política que na verdade é muito certa: transferir renda dos trabalhadores para o sistema financeiro. "O ambiente externo ainda se mantém incerto", argumenta o Copom, mas a única certeza é que os pobres continuarão pagando a conta.
Enquanto isso, o comitê reconhece que "o mercado de trabalho mostra resiliência", mas trata essa conquista dos trabalhadores como problema a ser combatido. Para eles, trabalhador empregado é inflação, trabalhador com direitos é ameaça ao sistema.
A farsa das expectativas desancoradas
O Banco Central insiste no discurso das "expectativas desancoradas" para justificar o injustificável. Como disse o próprio comitê: "em um ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo". Traduzindo: vamos manter os juros altos para satisfazer os especuladores, mesmo que isso destrua empregos.
As projeções mostram inflação de 4,4% em 2025, convergindo para a meta apenas em 2027. Dois anos de sofrimento programado para o povo brasileiro, enquanto os bancos comemoram lucros recordes.
Ataque coordenado ao governo democrático
Não por acaso, a ata volta a atacar a política fiscal do governo Lula. O texto critica "o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal", ecoando o discurso da elite conservadora que nunca aceitou a vitória democrática de 2022.
É a velha estratégia: sabotar a economia para inviabilizar políticas sociais e preparar o terreno para o retorno da direita ao poder. O Banco Central, que deveria ser técnico, atua como braço político dos interesses antipopulares.
"O cenário prescreve uma política monetária significativamente contracionista por período bastante prolongado", conclui a ata. Em outras palavras: o sofrimento do povo brasileiro está apenas começando, e o BC "não hesitará em retomar o ciclo de alta" se necessário para manter os privilégios da elite financeira.
Enquanto isso, trabalhadores enfrentam desemprego, pequenos empresários quebram e o sonho da casa própria se torna cada vez mais distante. Essa é a verdadeira face da política monetária brasileira: um instrumento de guerra de classes disfarçado de tecnicismo.